Muito tempo perdendo tempo, enquanto o tempo passa e leva a vida com ele
Crônicas Cristãs

Muito tempo perdendo tempo, enquanto o tempo passa e leva a vida com ele

Acordamos todos os dias com a mesma rotina. O despertador toca, esfregamos os olhos, e lá vamos nós: trabalho, escola, tarefas do lar. Um ciclo contínuo que nos arrasta pelo rio da vida. Mas entre as margens desse rio, navegamos guiados por nossas escolhas – pequenas decisões diárias que, como pedras atiradas na água, formam ondas que chegam muito além do que podemos ver.

Penso em Raquel, que trabalhou comigo um tempo. Toda manhã sai apressada, bolsa cheia de tudo, menos dinheiro, olheiras marcando o rosto. Trabalha em dois empregos desde que abandonou os estudos há dez anos. "Não tinha paciência para aquilo". Agora, a falta de um diploma ecoa em seu presente como uma nota desafinada.

Em contraste, lembro de Naldo, meu amigo. Três anos estudando obstinadamente para um concurso público. Enquanto amigos saíam para festas, ele permanecia debruçado sobre livros, sublinhando parágrafos até a madrugada. Hoje, a estabilidade que conquistou é o eco daquelas noites de estudo.

mulher com muitas olheiras

Mas há escolhas que vão além do material. Lembrei-me disso ontem, ao reler aquela antiga história sobre Marta e Maria. (Lucas 10: 38-42)

Imagine a cena: Jesus, o homem mais extraordinário da época, visita a casa delas. Marta, preocupada em ser a anfitriã perfeita, corre pela casa arrumando, cozinhando, organizando. Enquanto isso, sua irmã Maria simplesmente se senta aos pés de Jesus, absorvendo cada palavra que ele pronuncia.

Consigo visualizar Marta na cozinha, suando, murmurando para si mesma: "Nem para me ajudar... E Jesus não faz nada!". Até que, não aguentando mais, interrompe o mestre: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!"

A resposta de Jesus revela algo profundo sobre nossas escolhas: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada."

Quantas vezes somos como Marta? Recebemos o extraordinário em nossa vida, mas estamos ocupados demais lavando louça para perceber. Abrimos a porta para o Senhor, mas o deixamos esperando na sala enquanto verificamos notificações no celular.

Ontem mesmo, estava tão ocupado organizando arquivos que ignorei o pôr do sol espetacular que pintava minha janela. Quantas maravilhas perdemos por estarmos "ocupados demais"?

Maria fez a escolha que parecia improdutiva aos olhos práticos. Sentou-se quando havia trabalho a fazer. Escutou quando poderia estar agindo. E Jesus disse que ela havia escolhido "a boa parte".

É curioso como frequentemente confundimos agitação com produtividade. Marta não estava errada em querer servir, mas perdeu o propósito maior da visita. Abriu sua casa, mas não seu tempo.

Saio hoje para mais um dia de trabalho pensando nessas duas irmãs. Penso nas escolhas que faço. No tempo que dedico às coisas que realmente importam. Nas oportunidades extraordinárias que talvez estejam passando despercebidas enquanto me preocupo com detalhes que, daqui a cinco anos, não terão a menor importância.

Porque no final, são nossas escolhas que ecoam no futuro. E a sabedoria está em perceber qual é "a boa parte" que não nos será tirada.

 

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