Silêncios que gritam em sala de aula: baseado em fatos reais
Jovens e adolescentes

Silêncios que gritam em sala de aula: baseado em fatos reais

Era para ser só mais um dia de aula. Eu, professor diante de uma turma de adolescentes entre 15 e 16 anos. Rostos bonitos, roupas coloridas, risadas debochadas — aquela velha e vibrante energia juvenil que parece preencher o ar como um gás invisível. Já aprendi a lidar com isso: de um lado, a aula; do outro, minha vida pessoal. E sigo assim, sempre. Ou quase sempre.

Mas naquele dia, algo me chamou atenção. Três rostos diferentes. Pensativos. Duas meninas e um menino. Em meio ao barulho, riam menos. Pensavam mais. Num impulso quase instintivo, quis saber o que se passava. Mas me contive. Vivemos tempos perigosos para homens que se aproximam com empatia. Numa sociedade armada de julgamentos, até o gesto mais inocente pode virar manchete. Preferi o silêncio.

Até que ela se levantou. Com passos tímidos, trouxe uma sacola de presente e colocou sobre minha mesa. Era estampada, bonita, daquelas que carregam mais do que objetos — carregam significados.

— Professor… queria lhe contar uma coisa. Logo o senhor vai saber mesmo…

Ela falava com aquele olhar que mistura medo e coragem. E então, respirou fundo e disse:

— Não consegui evitar… aconteceu. Estou grávida.

Por um instante, fiquei surpreso, tão jovem, rosto de menina. A notícia era grande demais para aquela idade. E, percebendo talvez o peso que suas palavras poderiam carregar, ela completou, com naturalidade:

— Só estou contando porque confio no senhor…

Então fiz uma pergunta:

— Quantos anos você tem?

— Quinze.

— Mentira… sério?

Ela tirou da sacola uma pequena peça de roupa de bebê. A bolsa estava cheia. Presentes de uma amiga. Eu poderia ter feito o discurso padrão, de responsabilidade, de consequências. Mas algo me fez parar. Ao invés disso, respirei e disse:

— Que Jesus abençoe essa sua criança.

Ela sorriu. Voltou para sua carteira. E eu, para dentro de mim.

Mal tive tempo de processar quando outra aluna entrou apressada. O rosto aflito.

— Professor! Meu namorado tá passando mal aqui fora!

Corri. Do lado de fora, um rapaz — também de quinze — tremia. Estava encostado na parede, pálido, tentando se manter de pé.

— Professor… me ajuda — sussurrou.

Um outro aluno saiu em disparada para comprar um açaí, nossa “adrenalina natural” improvisada. Eu fui até o setor psicossocial pedir apoio. Quando voltei, ouvi o grito:

— Professor, ele desmaiou!

Com o suporte, ele foi recobrando os sentidos. Comeu. Melhorou o suficiente para ir pra casa. Mas o dia, esse não melhorava. Ainda não.

adolescente triste

Quando a fé sustenta o professor e seus alunos… um dia sem chão, o abalo invisível

A quarta expressão pensativa apareceu. Sara (nome fictício), uma das mais falantes da turma, conhecida por querer ser notada, chamou minha atenção. Desta vez, ela não estava apenas chamando. Estava chorando. Fui até ela.

— Por que você estava chorando?

— É tanta coisa, professor… — disse, desviando o olhar.

Voltei à minha mesa. Mas logo ela se aproximou, com olhos molhados e palavras pesadas:

— Me sinto tão vazia, professor… quer ver o que minha mãe me mandou? Olha essas mensagens…

Li. E o que vi me atravessou. Palavras duras, ameaçadoras, sem qualquer afeto. Ela confirmou:

— Minha infância inteira foi assim. Quando minha mãe se estressava, me mandava pra casa do meu pai. E quando meu pai se irritava, me mandava de volta.
— Eu me sinto sem apoio.

Prometi orar por ela, mas a promessa soou pequena diante do abismo. Ela só queria força para permanecer na igreja. Tentou uma vez. Sem apoio, desistiu.

Ela se levantou e foi lavar o rosto.

E por fim, o último a falar. Um aluno mais calado, me disse de forma simples:

— Professor, tô viradão. Não dormi. A insônia tem piorado com os anos.

Ali, naquele final de aula, ficou mais claro do que nunca: eu não sei nada. Mas talvez eu possa ser muito.

A confiança que esses jovens colocaram em mim não veio à toa. Eles abriram seus segredos, dores e medos. E eu, homem comum e professor de rotina, entendi de novo por que fui escolhido. Não apenas para ensinar, mas para ouvir, acolher, estar.

Sim, Jesus me escolheu. A seara é grande. Os rostos pensativos são muitos. E os trabalhadores… ainda tão poucos.

E lhes fez a seguinte advertência:
A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Lucas 10: 2ARA

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